Novas vítimas denunciam Abdelmassih por abuso sexual em SP
A 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Paulo registrou duas novas denúncias de abuso sexual contra Roger Abdelmassih desde que o ex-médico foi preso, na última terça-feira (19), no Paraguai. A delegada Celi Paulino Carlota acredita que receberá, até o final da semana, cerca de oito novas vítimas. Cinco delas são de outras regiões do país. Quatro devem registrar a ocorrência por carta precatória, ou seja, a denúncia será feita nas delegacias dos estados onde residem. Uma das delas virá a São Paulo na sexta-feira (29).
A associação Vítimas de Abdelmassih e Clínica revela que foi procurada por aproximadamente 20 pessoas, não apenas mulheres, interessadas em denunciar Roger Abdelmassih. Há vítimas de Florianópolis, Goiânia, e uma de Portugal, de acordo com a fundadora Vanuzia Lopes.
Segundo o Ministério Público (MP) de São Paulo, as ex-pacientes das clínicas de reprodução humana de Roger Abdelmassih podem entrar individualmente com ações cíveis para pedir indenizações por danos físicos e morais à Justiça contra o ex-médico.
O promotor Roberto Senise Lisboa estima em cerca de 20 mil o total de ex-pacientes que podem ter sido vítimas de práticas ilegais que vão desde irregularidades em contratos até abusos. A informação foi obtida após levantamento feito com as secretárias da clínica do ex-médico durante dez anos. Entre as vítimas, há também mulheres estrangeiras.
Procurado pelo G1, a associação de vítimas de Abdelmassih informou que não pretende ingressar com ações para pedidos de indenizações.
As seis mulheres responsáveis pela Associação Vítimas de Abdelmassih e Clínica revelam que nunca acionaram a Justiça e não querem ser indenizadas. “Nenhuma de nós quer esse dinheiro. O dano é irreparável. Não tem dinheiro que pague o que sofremos. Nosso interesse era que ele fosse preso”, defende Vanuzia Lopes.
O grupo é administrado por Vanuzia, Teresa Cordioli, Helena Leardini, Ivany Serebrenic, Silvia Franco e Monika Bartkevitch. A associação foi criada para dar suporte às vítimas e ajudar a encontrar o ex-médico, foragido desde 2011. “Não queria que tivesse vinculado a um interesse financeiro. As seis não estão interessadas no dinheiro. Se as demais vítimas quiserem, elas têm esse direito e vamos apoiá-las”, explica Vanuzia.
De acordo com a Promotoria do Consumidor, o ex-médico obrigava mulheres que queriam engravidar a assinar autorizações para exames cirúrgicos quando elas estavam sedadas. Além disso, não fornecia o resultado dos testes e ainda deixava de informar o destino dos embriões descartados nos procedimentos.
Mas segundo Lisboa, essas ações indenizatórias específicas contra Abdelmassih têm de ser feitas agora individualmente e não mais de maneira coletiva pela Promotoria, por entendimento da Justiça de São Paulo.
Mas a Justiça não reconheceu o segundo pedido de bloqueio de bens e ainda decidiu revogar o primeiro. “O Tribunal de Justiça [TJ] reviu seu posicionamento e determinou que o Ministério Público não teria legitimidade para defender as vítimas da clínica. Por isso anulou os dois processos”, explicou Lisboa.
Após denúncias de abuso sexual contra funcionárias e pacientes, em 2010 Abdelmassih foi condenado pela Justiça a pena de 278 anos de prisão por estuprar 37 mulheres. Ele sempre negou os crimes. Foragido, foi preso na terça-feira (19) no Paraguai, onde morava com a mulher e os filhos gêmeos.
A Interpol – polícia internacional – emitiu alerta para que as demais polícias do mundo monitorem o paradeiro de Larissa. Ela será investigada por suspeita de documentação falsa e outros crimes que teria praticado durante a fuga do marido, como, por exemplo, lavagem de dinheiro.
De volta ao Brasil, está preso atualmente na Penitenciária de Tremembé, interior de São Paulo. Ele ainda é investigado por mais 26 estupros contra ex-pacientes. A apuração está sendo feita pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
Portal do Litoral PB
Com G1
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