Repórter tira a sunga em Tambaba, praia naturista do litoral da Paraíba
São muitos os curiosos e os fetichistas camuflados em Tambaba. Piadinhas giram em torno de adjetivos do tipo “tombados” e “murchos” e de substantivos invariavelmente flexionados no diminutivo ou no aumentativo, o que reforça o tabu em torno de exibir o corpo nu.
Mas na hora “H”, a de cruzar a entrada e sair peladinho (ou peladão) do outro lado da praia, a maioria brocha e desiste. A passagem para o “paraíso”, porém, oferece atalhos, com opções mais discretas.
Para nos conduzir ao “Jardim do Éden”, dois guias acompanham um turista e este repórter. Sugerem enveredarmos por um caminho em meio à mata atlântica.
Aqui e acolá, paradas para explicações sobre a diversidade e a importância da floresta, que ajuda a compor aquele cenário preservado, escolhido estrategicamente como reduto naturista, e frases de efeito que reforçam a liberdade de estar ali sem “obstáculos” –em bom português, sem roupa.Saímos de um restaurante, atravessamos a estrada PB-008 e pegamos a trilha. Até então, todos vestidos.
Quase meia hora depois, ainda sob a sombra das árvores, o barulhinho do mar rompe o silêncio da floresta. Não só ele: o movimento de espanto dos dois visitantes parece ecoar quando percebem que os guias já tinham se livrado de suas respectivas sungas com uma naturalidade imperceptível.
Ué, nem rolou uma “senha” para avisar que era hora de se despir? Olhei com certa surpresa para eles, que devolveram a mesma admiração: “Por que raios vocês ainda continuam de roupa?”, pareciam questionar.
OK, eles venceram. O jeito foi tirar: afinal, já estávamos a poucos passos da areia fofa, onde homens, mulheres, crianças, jovens e idosos transitavam numa boa, sem nenhum pudor, é claro.
Paraíba de norte a sul
Barra do rio Graú, quase intocada, no extremo sul do litoral paraibano
Que safadinhos esses naturistas: a praia “deles” é muito mais bonita e agradável que a dos “vestidos”.
É quase virgem, repleta de esculturas de pedra, que lembram animais e objetos fálicos e emolduram a orla, com aquele azulão de perdoar toda e qualquer nudez.
Naquela hora, a saia se tornou mais do que justa: olho para onde? Para o mar, penso. Se a tentação for maior, ensina um dos guias, corra para a água, que ela ajuda a esfriar seus ânimos!
Corri, mas com outro propósito: o de aproveitar o que, de fato, Tambaba tem de melhor.
Folha de São Paulo
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