Após os primeiros dias de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, o PSB abriu uma frente para evitar que adversários peguem carona na repercussão provocada pela morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. O partido orientou diretórios em todo o País a monitorarem o que considera uso indevido de imagens, slogans e frases do socialista, morto em um acidente de avião na semana passada, em Santos, no litoral paulista.
A sigla está disposta a ingressar com representações na Justiça Eleitoral ou tentar barrar essa prática por meio de medidas liminares, caso considere que há abusos dos adversários. Mas, num primeiro momento, o plano é dar dar tratamento diferenciado ao que for apenas uma homenagem póstuma e o que de fato entender como uso indevido da imagem ou associação indevida a Campos.
Nos casos que considerar abusivos, o PSB deve tomar por base uma liminar obtida na última quarta-feira (20) pela família de Campos no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE), que proibiu a utilização da imagem do ex-governador por partidos adversários sob pena de multa de R$ 3 mil para cada inserção que ocorrer sem autorização.
PSB
Nos dois primeiros dias de campanha, o PSB diagnosticou várias tentativas de vinculação do nome de Campos a adversários do partido nos estados e até nas campanhas presidenciais. Em Pernambuco, a utilização das imagens partiu do senador Armando Monteiro (PTB), candidato ao governo do estado. Monteiro é o principal adversário do candidato de Campos ao governo pernambucano, Paulo Câmara (PSB).
Apesar da decisão judicial, Monteiro sinalizou que ainda pretende utilizar inserções de Campos em seus programas eleitorais. Os advogados do candidato do PTB classificaram a iniciativa da família do socialista como “censura prévia”. Por meio de sua assessoria, Monteiro negou a tentativa de vinculação indevida e afirmou que “a imagem do governador Eduardo Campos é pública”.
O iG tentou contato com a viúva de Campos, Renata Campos, mas ela não retornou as ligações. Adversários do ex-governador já falam em ingressar com recursos no próprio TRE ou até no Tribunal Superior Eleitoral.
Presidenciáveis
No âmbito nacional, o senador Aécio Neves (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT) lembraram do candidato em seus respectivos programas de estreia no horário eleitoral gratuito. Aécio disse que ambos se conheceram nos anos de 1980, durante os movimentos da “Diretas Já” e que compartilhava com os ideais de Campos por um Brasil melhor.
Na incursão da propaganda da presidente, foi incluído um depoimento do ex-presidente Lula sobre o ex-governador de Pernambuco. Ele afirmou que tinha afeto de “pai para filho” e que “sua luta sempre foi e continuará sendo a nossa luta. Nunca, jamais desistir do Brasil, é assim que vamos guardar sua memória para sempre”, declarou o petista, fazendo uma referência clara a uma das últimas declarações de Campos, que acabou transformada em slogan.
No âmbito nacional, integrantes do PSB chegaram a cogitar ingressar com representações contra o PT e PSDB. Mas a ideia não seguiu adiante em decorrência diante de um possível desgaste tanto interno, quanto com as demais campanhas.
Nesses casos, segundo o iG apurou, o comando do PSB entendeu que a judicialização do uso da imagem de Campos poderia soar como “antipática” aos eleitores. Após uma discussão interna, a sigla concluiu que, nas campanhas petista e tucana, houve até o momento apenas homenagens póstumas ao ex-governador. Por fim, a assessoria jurídica não chegou a ser oficialmente acionada. Ainda assim, houve irritação com o vídeo em que o ex-presidente Lula diz que “jamais vai desistir do Brasil”.
O PSB também está atento a novas menções à frase “não vamos desistir do Brasil˜, que se transformou em slogan da campanha após a morte de Campos. Se nos próximos programas de Dilma ou Aécio houver alusões ao slogan ou à imagem do ex-governador, aí sim o PSB não descarta a possibilidade de tentar impedir na Justiça Eleitoral a utilização do material.