Publicado em: 18 ago 2014

Pânico apela, mas perde quase metade do público em cinco anos

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O Pânico está em queda livre. Perdeu quatro de cada dez telespectadores que tinha em 2009, quando atingiu o auge no Ibope. Neste ano, registra média de 5,3 pontos na Grande São Paulo, a terceira pior da história, 42% menor do que cinco anos atrás. Na Band desde 2012, o humorístico não consegue repetir o desempenho da época da RedeTV!. Para humoristas, roteiristas e ex-integrantes do programa, o “excesso de apelação” e o aumento da concorrência explicam a crise do programa.

Apenas nos dois primeiros anos o Pânico teve audiência pior do que em 2014. Em 2003, ano de estreia na RedeTV!, registrou 2,6 pontos. Em 2009, tinha mais do que o triplo: 9,1 pontos. Incomodava a concorrência e chegava à liderança com frequência. Ultrapassava Record e SBT e chegava a bater a Globo após o Fantástico. Obrigou a Record a mudar o horário do então recém-contratado Gugu Liberato, das 20h para as 16h. 

Hoje, o Pânico mal se aproxima dos concorrentes Fantástico, Domingo Espetacular e Programa Silvio Santos. De vítima, o dono do SBT passou a algoz do humorístico. Se em 2009 as duas atrações estavam tecnicamente empatadas (9,2 a 9,1), em 2014 Silvio tem quase o dobro do Pânico (9,8 a 5,3).

Neste ano, o programa ainda não conseguiu ultrapassar seis pontos de média mensal (em abril, marcou 5,9). A crise nos bastidores veio à tona na semana passada, quando o programa dispensou modelos (entre elas, a ex-panicat Ana Paula Minerato) e transformou o ator Marcelo Zangrandi (Ié Ié) em freelancer, sem contrato fixo.

A modelo Ana Paula Minerato, demitida na semana passada do elenco de apoio do Pânico

Muita apelação

Por que o Pânico caiu tanto nos últimos anos? Para humoristas e ex-profissionais que passaram pelo programa, a apelação excessiva e a concorrência, que se armou para barrar a ameaça do humorístico, são os responsáveis pela queda.

Sabrina Sato, que trocou o Pânico pela Record em dezembro de 2013, acredita que o humorístico sofre com a atual concorrência no horário. “Cada vez mais a briga por audiência está severa para todo mundo. É difícil”, diz a apresentadora. No final do ano passado, ela foi substituída no programa por uma cadela.

Para o comediante Carlos Alberto de Nóbrega, líder de A Praça É Nossa e fã do Pânico, a audiência do programa reflete o atual momento da TV aberta, e o humorístico está apelando demais para a nudez. “O humor que eles fazem é o mesmo, aquela apelação, com perguntas agressivas, sempre fizeram isso. Não há razão para cair. Vejo a queda como um todo. Todos nós estamos em um sufoco por audiência. Mas acho que está havendo um exagero nas bundas”, opina.

Primeiro roteirista do Pânico, Jorge Barbosa, atualmente no Programa do Ratinho (SBT), defende o gênero apelativo, com bordões e perguntas ácidas a famosos, mas acredita que o humorístico errou ao colocar na mesma edição as brigas do Repórter Vesgo com a atriz Luana Piovani e de Daniel Zukerman com o técnico Luiz Felipe Scolari, em 3 de agosto.

Nicole Bahls e Rodrigo Scarpa no cenário do Pânico na Band; programa perdeu a graça

Pegando pesado

“Acho que foi muita provocação para um programa só. Deveriam deixar um para cada programa. Ficaria menos pesado o clima de perturbação. O objetivo do Pânico é divertir e incomodar, como sempre fizeram e fazem até hoje. Mas só devem ter cuidado para não passar do ponto”, aconselha.

Carlos Alberto de Nóbrega também não gostou da brincadeira com o ex-treinador da seleção brasileira: “Achei extremamente desagradável e deselegante o que fizeram com o Felipão, porque bater em cachorro morto é sacanagem. Essa perseguição a ele não fica bem, não aprecio, mas é o estilo deles. Se não fizerem isso, vai ser só bunda, nada mais do que bunda”.

Na opinião de Rosana Hermann, redatora do Pânico até 2008, a troca de casa ajuda a explicar a queda do humorístico. Para ela, que também trabalhou na Band e atualmente está na Record News, a mudança da RedeTV! para a Band transformou o Pânico em um programa comum, sem espaço para experimentar e errar.

“Na RedeTV!, a verba era menor, mas tudo era possível. A Band é mais burocrática, tem regras mais rígidas. O programa virou mainstream, menos ousado e, talvez, mais moleque. Ainda é um sucesso, mas não é mais o celeiro de loucuras para serem testadas”, opina.

Nicole Bahls e Amana Ramalho se beijam ao vivo no Pânico

Outro lado

Procurado pelo Notícias da TV, Diego Guebel, diretor-geral de conteúdo da Band, afirma que a audiência é preocupação constante da emissora e avalia que a queda do Pânico é momentânea e não suscita mudanças urgentes.

“O Pânico na Band é um dos programas mais dinâmicos da televisão, sempre se reinventando com novos quadros e colaboradores. As mudanças no programa não são uma exceção e sim uma regra. São momentos, o programa tem uma trajetória de muitos anos. A Band sempre se preocupa com audiência”, afirmou Guebel, via assessoria de imprensa.

Portal do Litoral PB

Com Uol 




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