Especialistas estranham defeito em caixa-preta do jato que levava Campos
O fato de a caixa do gravador de voz do Cessna, onde viajava o presidenciável Eduardo Campos, não ter registrado nada do último dia 13, quando ocorreu a tragédia, causou estranheza a alguns pilotos experientes. O professor de Ciências Aeronáuticas da PUC do Rio Grande do Sul Elones Fernando Ribeiro explicou que são raros os casos de gravadores pararem de funcionar.
Apesar de o CVR (Cockpit Voice Recorder) da aeronave PR-AFA não ser um item de segurança, o comandante da aeronave não pode fazer o voo quando o equipamento não funciona.
— Se o CVR estava com defeito, o avião não podia ter decolado. A aeronave voou sem estar em conformidade com o regulamento. A fita de gravação é contínua e registra as últimas conversas de dentro da cabine de voo por uma média de duas horas, justamente para auxiliar nas investigações em caso de acidente. Se o avião fosse de uma empresa aérea convencional não teria decolado — disse o especialista.
MOTOR É LIGADO E GRAVAÇÃO COMEÇA
O diretor de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Mateus Ghisleni, explicou que o equipamento começa a gravar logo que o piloto dá partida no motor, de maneira autônoma. Segundo ele, uma luz se acende quando o gravador não está funcionando, alertando o comandante de que o problema deve ser solucionado.
— Todas as conversas dos pilotos são gravadas normalmente. O comandante perceberia o problema. O não funcionamento do CVR não impede o voo. A falta da gravação também não prejudica os investigadores do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) a chegarem às razões do acidente. Há uma série de fatores, de acordo com a metodologia da investigação empregada pela equipe, que define as causas — explicou Ghisleni.
Segundo o especialista, o Cenipa apura os fatos como se estivesse montando um quebra-cabeças. Primeiramente, as equipes de campo reconhecem o material, inclusive restos do avião, e traçam uma dinâmica do que aconteceu. Também são ouvidas testemunhas que viram o acidente. A segunda etapa é verificar as comunicações entre o piloto e a torre de controle.
— A análise do CVR, de acordo com Ghisleni, é a última etapa deste quebra-cabeças. A gravação é apenas uma cereja do bolo — concluiu.
Portal do Litoral PB
Com O Globo
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