Piloto de jatinho de Eduardo Campos reclamou de cansaço no facebook
Em um desabafo em sua página no Facebook, o piloto Marcos Martins, que acompanhava Campos desde maio, se queixou de cansaço. Outras sete pessoas que vivem nas redondezas foram socorridas. Uma criança de um ano e meio continua internada. Mas ninguém corre risco de vida. Muito abalada, Marina Silva lembrou os últimos momentos ao lado do companheiro de chapa. “A imagem que eu quero guardar dele foi a da nossa despedida de ontem — cheio de alegria, cheio de sonhos, cheio de compromissos. É com esse espírito que eu peço a Deus que possa sustentar sua família, consolar sua família e também a todos nós”, desabafou ela, que poderá substituir Eduardo ou permanecer como vice.
A caixa preta da aeronave, com os registros das últimas conversas entre pilotos, já foi recolhida pela Aeronáutica. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar as causas do acidente. Peritos ajudam na identificação das vítimas, pelos restos mortais que se espalharam pelo bairro. Segundo a Defesa Civil, os “corpos estavam desintegrados”. O material coletado ficará no Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo.
Peritos acreditam que será necessário exame de DNA para fazer o reconhecimento. Dentistas de Campos foram a Santos tentar identificar a arcada dentária do candidato. Assim como Ulysses, que não realizou o sonho de chegar à Presidência do Brasil e cujo corpo nunca foi encontrado no mar de Angra dos Reis, também será difícil para a família de Campos localizar os seus restos mortais. O desejo dos familiares é velar o corpo no Palácio do Governo, em Recife, e sepultá-lo na sexta-feira ou sábado, no Cemitério de Santo Amaro, junto do avô.
Tragédia em Santos
Vinte e dois anos após a morte do deputado Ulysses Guimarães na queda de um helicóptero, uma nova tragédia aérea envolvendo um político brasileiro comove o país. A apenas 54 dias das eleições presidenciais, um acidente chacoalha o atual cenário político e abrevia, de forma muito triste, a trajetória do candidato à Presidência da República pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos. Terceiro colocado na corrida eleitoral, atrás de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), o ex-governador de Pernambuco, por dois mandatos seguidos, morreu ontem de manhã na queda do jato particular da campanha, um Cessna de última geração, em um bairro residencial de Santos, no litoral paulista. Nenhuma das sete pessoas a bordo sobreviveu.
Campos havia acabado de completar 49 anos, no Dia dos Pais. Ele tinha cinco filhos. O caçula, Miguel, nasceu em janeiro. Por uma triste coincidência, Campos morreu no mesmo dia do falecimento do avô, o ex-governador pernambucano Miguel Arraes, morto há nove anos.
A presidenta Dilma Rousseff decretou luto oficial de três dias e lamentou a morte do ex-companheiro de governo — foi ministro de Ciência e Tecnologia de Lula — e atual adversário político. “Perdemos um grande brasileiro. O Brasil perde uma jovem liderança com um futuro promissor pela frente. Para além das nossas divergências, havia um grande respeito mútuo”, ressaltou a presidenta, que enviou condolências aos familiares de todas as vítimas. Dilma, como os demais candidatos, suspendeu a agenda de campanha e ainda cancelou a entrevista que daria ontem ao ‘Jornal Nacional’. A notícia da morte de Campos repercutiu mundo afora. A Casa Branca enviou nota de pesar aos brasileiros.
A candidata a vice na chapa do PSB, Marina Silva, a mulher dele, a economista Renata Campos, e um dos filhos do presidenciável não estavam na aeronave, que levava sete pessoas, sendo quatro assessores da campanha, e dois pilotos. Na noite anterior ao acidente, Eduardo Campos havia dado sua última entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, encerrando com uma mensagem de esperança.“Não vamos desistir do Brasil. É aqui onde nós vamos criar nossos filhos, é aqui onde nós temos que criar uma sociedade mais justa”, disse.
Pela manhã, o candidato e a sua equipe decolaram, às 8h47, do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino à Base Aérea do Guarujá, onde iria cumprir agenda de campanha. No momento em que a aeronave se aproximava da pista, o piloto não conseguiu pousar e fez manobra de emergência, arremetendo a aeronave. Chovia muito na hora. O comando aéreo perdeu o contato com o jato. Por volta das 9h50, um forte explosão atingiu casas e uma academia de ginástica, no bairro Boqueirão. “Ouvi um estrondo muito forte. Achei que fosse um terremoto. O prédio começou a tremer e os vidros se partiram”, contou o empresário Rafael Yaekashi, 29 anos, que mora a 100 metros do local do acidente. Para ele, o piloto foi um herói. “Ele desviou de dois prédios antes de cair. A tragédia poderia ter sido muito pior”, disse.
A aposentada Sandra Carvalho, 53 anos, mora em um dos edifícios que fica em frente à academia atingida pelo jato. “Parecia uma bomba. As pessoas se jogavam no chão”, revelou. Moradores disseram que, antes de cair, o avião atravessou os céus como uma imensa bola de fogo. Dez imóveis foram interditados.
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