Patrimônio de Kassab cresce 398% em 16 anos e chega a R$ 6,5 milhões
O patrimônio do ex-prefeito de São Paulo e candidato ao Senado pelo PSD, Gilberto Kassab, aumentou de R$ 986 mil para R$ 6,5 milhões entre 1998 e 2014, segundo declarações de bens enviadas pelo candidato à Justiça Eleitoral neste período.
Descontada a inflação do período (165%, segundo o IPCA), o crescimento patrimonial de Kassab foi de 398%. As declarações são as mesmas feitas à Receita Federal e correspondem ao patrimônio acumulado até o ano anterior (1997 e 2013).
No período, Kassab foi secretário de Planejamento da cidade de São Paulo (entre 1997 e 98, na gestão de Celso Pitta), deputado federal (99/2004), vice-prefeito (2005/2006, na gestão de José Serra) e prefeito de São Paulo (2006/2012). Nos últimos dois anos, Kassab não ocupou nenhum cargo público e atuou como articulador do PSD, sigla na qual é presidente e fundador.
A maior parte do patrimônio do ex-prefeito advém de cotas de capital de duas empresas, a Yapê Engenharia e Empreendimentos Ltda. (R$ 4,2 milhões) –em que o candidato é sócio majoritário– e a Yapê Comércio e Participações Ltda. (R$ 1,4 milhão).
O candidato ainda possui um apartamento no Jardim Paulistano, área nobre da capital (R$ 744 mil, em valores não atualizados); um carro de R$ 62 mil; um título do clube Pinheiros (R$ 8.300) e R$ 138 mil em contas correntes e poupanças.
De acordo com informações fornecidas à Junta Comercial, a Yapê Engenharia e Empreendimentos atua na construção de edifícios e instalações esportivas e na gestão e administração de imóveis. Fundada em 1991, a empresa tem hoje capital de R$ 5,9 milhões.
- 1998
R$ 986 mil
- 2002
R$ 1,65 milhão
- 2008
R$ 5,1 milhões
- 2014
R$ 6,5 milhões
Já a Yapê Comércio e Participações atua no transporte rodoviário de carga e possui capital de R$ 3 milhões. A empresa foi fundada em 1997 por Kassab e pelo atual secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de SP, Rodrigo Garcia (DEM). O secretário detinha 50% da empresa, mas a sociedade foi rompida em 2008, e Garcia deixou de fazer parte do quadro societário.
O secretário também foi sócio de Kassab na Yapê Engenharia e Empreendimentos, mas deixou a sociedade em 2007. No mesmo ano, o ex-prefeito deixou a Centrooeste Agropecuária, empresa fundada por Garcia.
Segundo o Transparência SP, que contém informações sobre os gastos da administração municipal, a prefeitura da capital paulista não firmou contratos ou convênios com as empresas de Kassab entre 2005 e 2013.
A evolução patrimonial de Kassab já havia sido objeto de investigação do Ministério Público em 2004. De acordo com a assessoria do candidato, nenhuma irregularidade foi constatada naquela época.
Sobre os últimos dez anos, a assessoria de Kassab afirma que “as origens e aplicações de recursos estão devidamente comprovadas através de documentação fiscal e financeira”. “A evolução patrimonial está absolutamente transparente e justificada nas declarações de renda do período.”
De acordo com pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (17) sobre a corrida ao Senado em São Paulo, Kassab possui 7% das intenções de voto. Antigo aliado do ex-prefeito, José Serra (PSDB) lidera com 34%, seguido do senador Eduardo Suplicy (PT), com 29%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Nestas eleições, será eleito apenas um senador por Estado, com mandato de oito anos.
Serra e Suplicy
A data mais antiga que a Justiça Eleitoral possui de uma declaração de bens de Serra é 2002, quando o tucano concorreu à Presidência da República. Naquele ano, o candidato declarou patrimônio de R$ 603,7 mil. Em 2014, Serra afirmou ter R$ 1,6 milhão, o que representa um aumento de 41%, já descontada a inflação do período (116%).
Hoje, o patrimônio do tucano é composto por imóveis (R$ 346 mil) e, sobretudo, por aplicações, investimentos e títulos bancários (R$ 1,1 milhão).
A assessoria de Serra afirmou que o crescimento patrimonial é compatível com as atividades profissionais dele e que, entre 2002 e 2014, Serra ocupou cargos governamentais durante cinco anos.
O candidato petista declarou, em 1998, possuir R$ 1,5 milhão em bens. Em 2014, Suplicy afirmou ter patrimônio de R$ 2 milhões. A variação de patrimônio do petista foi de 30%, valor bem abaixo da inflação do período (165% pelo IPCA).
Em 1998, 11 imóveis compunham o patrimônio de Suplicy. Neste ano, o candidato possui pouco mais de R$ 1,3 milhão em 13 imóveis e aproximadamente R$ 700 mil em carros, dinheiro em poupança e conta corrente e em letras de crédito. À reportagem do UOL, Suplicy afirmou que a maior parte de seu patrimônio é herança familiar.
As declarações dos candidatos à Justiça Eleitoral acabam por subestimar o valor dos bens porque, no caso de imóveis, o valor informado não é o de mercado, e sim o de compra, sem atualização, conforme determina a Receita Federal.
Além disso, os políticos que possuem empresas para administrar o patrimônio não são obrigados a informar o valor dos imóveis administrados por estas empresas, mas apenas as ações que possuem nelas.
Portal do Litoral PB
Com Uol
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