Publicado em: 23 nov 2024

Procedimento raro na Paraíba: feto recebe transfusão de sangue antes do nascimento na maternidade Cândida Vargas

Um feto paraibano, com cerca de oito meses de gestação, passou por um procedimento de transfusão de sangue ainda dentro da barriga da mãe. O procedimento, feito na segunda-feira (18), foi realizado após o feto ser diagnosticado com anemia por equipes médicas da maternidade do Instituto Cândida Vargas, em João Pessoa, e é considerado raro e foi realizado apenas pela segunda vez na Paraíba.

A anemia no feto foi diagnosticada através de ultrassons de artéria cerebral média do feto. Tamíris Baptista, hematologista infantil que acompanhou o caso, explicou como a doença estava afetando o feto.

“A anemia é processo que configura uma queda na quantidade de hemácias, que são responsáveis por distribuir o oxigênio que a gente adquire na respiração. As hemácias se ligam ao oxigênio nos nossos pulmões e carregam ele para todo o corpo. O paciente com anemia não tem hemácias em quantidades adequadas e não oxigena o organismo. Um organismo sem oxigênio é um organismo que, na pior forma, acaba morrendo. Nossa transfusão foi para bloquear o processo de anemia e restaurar a saúde para o feto. É um procedimento com riscos, mas pesamos na balança o risco e o benefício, e por conta do benefício ser maior do que os riscos o procedimento foi realizado”, disse Tamíris.

Ainda segundo Tamíris Baptista, o feto desenvolveu anemia por incompatibilidade sanguínea entre ele e a mãe. A mãe tinha o tipo de sangue A- e o feto A+.

Procedimento feito no feto

Dias antes da realização do procedimento, profissionais da Agência Transfusional da Maternidade Cândida Vargas realizaram diversas coletas de sangue da mãe. As amostras foram coletadas de forma periódica e enviadas ao Hemocentro da Paraíba para facilitar e melhorar a triagem do sangue doado. Esse trabalho é considerado como essencial para o sucesso da transfusão.

Com duração entre 30 e 40 minutos, o procedimento foi feito no feto através de um cateter inserido diretamente no cordão umbilical, dentro do útero da mãe, que foi anestesiada para o procedimento. O sangue foi passado ao feto via seringa e injetado nele através dessa agulha.

O sangue doado para a transfusão veio do Hemocentro da Paraíba. A bolsa foi enviada ao Hemocentro de Pernambuco para passar por procedimentos que deram mais segurança ao feto.

De acordo com Tamíris Baptista, todo o procedimento foi feito sem intercorrências e tanto a mãe, que mora em uma cidade do interior do estado, como o feto estão bem.

“O procedimento foi feito com o feto tendo 32 semanas e cinco dias de gestação. A transfusão em si é rápida, em torno de 30 e 40 minutos. Não teve nenhuma intercorrência e está tudo bem com a mãe e com o feto, principalmente depois do procedimento. As taxas do feto estão certinhas. É muito importante lembrar que só foi possível realizar esse procedimento porque alguém se disponibilizou a doar um pouco do seu tempo e do seu sangue no hemocentro. Precisamos agradecer enormemente aos doadores de sangue”, contou a hematologista.

 

 

ClickPB




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