Publicado em: 16 jun 2014

Na volta de Schumacher, alemanha Acelera e atropela Portugal de CR7

O dia começou com uma notícia motivadora para os alemães: o ex-piloto de Fórmula 1 e ídolo Michael Schumacher saiu do coma após quase seis meses. E pode-se dizer que em campo sua seleção tratou de homenageá-lo, acelerando e decidindo o jogo contra Portugal no primeiro tempo. Principalmente por parte de Thomas Müller, autor do primeiro hat-trick da Copa do Mundo e nomeado o melhor em campo. Os três gols do atacante do Bayern de Munique deixaram a equipe de Cristiano Ronaldo como o retardatário do Grupo G após os 4 a 0, nesta segunda-feira, na Arena Fonte Nova.

Hummels fez o outro e determinou que, até aqui, Salvador é a cidade das goleadas do torneio – na última sexta-feira, a Holanda aplicou 5 a 1 em cima da campeã Espanha. A Alemanha, soberba mesmo diante de todas as preocupações com o clima, é a líder da chave, com três pontos. Portugal, por sua vez, precisa se recompor. Não bastasse ser goleado na estreia, perdeu Hugo Almeida e Fábio Coentrão, que saíram lesionados, e viu Pepe ser expulso após tentar intimidar Müller com uma leve cabeçada.

As duas seleções voltam a campo no próximo fim de semana. Sábado, a Alemanha enfrenta Gana na Arena Castelão, em Fortaleza, às 16h (de Brasília). Portugal encara os Estados Unidos na Arena da Amazônia, domingo, às 19h.

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Thomas Müller marcou o primeiro hat-trick da Copa do Mundo (Foto: Agência Reuters)

Foi uma bela maneira de também atingir uma marca histórica sob os olhares da chanceler Angela Merkel, que viajou basicamente para acompanhar a estreia de seu país. A Alemanha, tricampeã, chegou aos 100 jogos em Copas do Mundo, à frente inclusive do Brasil. Em 11 das 17 edições, os europeus acabaram entre os três melhores. Venceram agora 61 vezes, com 19 empates e 20 derrotas.

Alemanha, sua casa é aqui

É claro que estava quente. De acordo com o site da Fifa, 26ºC, 80% de umidade e uma sensação de que havia um sol para cada um dos 22 jogadores em campo. Os alemães, tão acostumados ao frio, mostraram que já fizeram da Bahia o seu recanto. Correram, principalmente no setor ofensivo, deixando clara a intenção de Joachim Löw em não prender algum homem ali – seja ele um falso 9, até porque os dois originais, Klose, pelo estilo, e Schürrle, pela camisa, ocupavam um lugar no banco.

Bastian Schweinsteiger também estava por lá, mas sem roupa de jogo – o problema no pé-esquerdo não era mesmo tão simples. Marco Reus, maior esperança da geração, assistia à partida de sua casa, em Dortmund, com um gesso imobilizando seu pé lesionado. Para a Alemanha, a abundância de jogadores brilhantes faz suas ausências sequer serem sentidas em jogos teoricamente cascudos como este.

Foi Portugal quem mais incomodou nos primeiros minutos, porém. O contra-ataque era uma arma para tentar ludibriar a marcação compacta dos alemães. Cristiano Ronaldo, logo aos sete, forçou Neuer a praticar boa defesa. Pouco antes, Hugo Almeida, em devolução do camisa 7, também havia assustado. Pepe e Rui Patrício fizeram o mesmo, mas do outro lado, o que ocasionou numa saída de bola à pronta-entrega para Khedira. O volante emendou de primeira e por centímetros não abriu o placar.

Seria questão de tempo. Numa linda troca de passes de Müller e Boateng, Götze recebeu na grande área e foi levemente deslocado por João Pereira. Pênalti para Müller marcar o seu sexto gol em Copas do Mundo – aos 24 anos. A bola entrou no canto direito de Rui Patrício.

É Portugal, não Real Madrid

Portugal tinha como alternativa os cruzamentos para Hugo Almeida tentar se virar sozinho. O problema é que era Nani o responsável por boa parte deles – quando não levantou a bola, conseguiu assustar com um chute de fora da área. Jogar em sua seleção é como um choque de realidade para Cristiano Ronaldo, um grande teste de paciência para quem está acostumado a ter Gareth Bale, Benzema e Di María como companheiros no Real Madrid. Como adultos e crianças, galácticos e coadjuvantes. Ainda assim, o português esteve abaixo do reconhecido nível de melhor do mundo, isolado na ponta-esquerda, e terminaria a primeira etapa sob mais vaias que aplausos.

cristiano Ronaldo portugal e Alemanha Arena Fonte Nova (Foto: Agência Reuters)
Abaixo do nível habitual, CR7 chegou a ser vaiado pelos torcedores na Fonte Nova (Foto: Agência Reuters)

Era fácil explicar. A Alemanha dominava o jogo e já construía grandes oportunidades. Numa delas, Özil rolou para Götze chegar batendo – João Pereira, desta vez, cortou na bola. O escanteio terminou com um gigante Hummels, zagueiro de classe e técnica, subindo mais do que Pepe. Os portugueses teriam mais uma chance para tentar mudar qualquer cenário, mas Coentrão, sabe-se lá por que, optou pelo toque quando tinha só Neuer em sua frente.

Portugal acabou punido pela péssima escolha do lateral. No lance seguinte, Müller caiu após o braço de Pepe atingir o seu rosto. O zagueiro provavelmente pensou que estava num jogo de Campeonato Espanhol, com a camisa do Real Madrid, e deu uma leve cabeçada como intimidação. O árbitro Milorad Mazic reagiu com um cartão vermelho. Entregues, os lusos ainda sofreriam o terceiro graças ao faro de gol de Müller: o camisa 13 dividiu com Bruno Alves e emendou de canhota, já nos acréscimos.

Müller se isola na artilharia

Portugal não era um esboço do que Paulo Bento planejava quando concedeu entrevista coletiva na véspera. O lance em que Nani e Coentrão se esbarram na grande área resume o dia infeliz de Cristiano Ronaldo e seus amigos. O camisa 7 até tentou aparecer mais, mas suas conclusões sequer tiveram a direção do gol – uma cobrança de falta patética em especial chamou a atenção e as vaias. Para piorar, Coentrão se lesionaria sozinho ao tentar alcançar uma bola praticamente perdida. A mão na virilha indica uma preocupação extra para a sequência do Mundial.

A Alemanha praticamente não tinha mais preocupações. Voltou decidida a evitar o desgaste, passar o tempo, explorar contra-ataques. Özil, aos seis, perdeu a chance de calar alguns críticos. Götze, quem dera o passe anterior, também não balançou as redes aos 24. Mas Müller, em grande tarde, mostrou como se deve fazer. Mal foi exigido, é bem verdade: apenas completou o rebote de Rui Patrício em cruzamento de Schürrle, atirando-se na pequena área. Na falta de um 9, o mais jovem goleador alemão marcou sua presença para liderar também a tabela de artilharia da Copa com o primeiro hat-trick.




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