Publicado em: 14 jun 2014

NEGLIGÊNCIA OU DESCASO? Mãe tem morte inexplicável e ISEA é alvo de mais uma denúncia

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Um sonho obstruído, uma vida interrompida. A jovem Samara Vieira, 31, após sonhar uma vida inteira em ser mãe, pela primeira vez, de uma menina e passar nove meses de gestação saudável, sem nenhuma intercorrência, sem nenhum tipo de complicação, com pré-natal em dia, pode ter sido vítima de negligência médica, no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), a maternidade pública municipal de Campina Grande. Não é de hoje, que esses e outros fatos lastimáveis ocorrem nessa unidade hospitalar. Segundo informações da mãe da jovem Samara Vieira, dona Severina Vieira, sua filha nunca se queixou de dor alguma durante a gravidez. Após ter dois filhos de parto normal, ela resolveu fazer uma laqueadura e, para isso, decidiu pelo parto cesáreo. A partir daí, uma série de complicações e procedimentos médicos, até o momento inexplicáveis, causaram dor para familiares, amigos e a morte da jovem Samara Vieira.
 
Samara Vieira, teve seu parto cesáreo e sua cirurgia de laqueadura marcados por supostas negligências médicas. No último dia 12 de maio, às 19h, no ISEA, ela foi atendida pelo médico obstetra, Rodolfo Rodrigues. Segundo informações da sua mãe, dona Severina, a jovem recebeu a ligação do médico lhe perguntando se havia almoçado, e a orientou que não se alimentasse mais porque sua cirurgia estaria marcada para a noite.
 
“A gravidez da minha filha não era de risco, ela não teve nada anormal durante os nove meses de gestação. Ela fez todos os exames de pré-natal e estava sempre se cuidando no Posto de Saúde do bairro das Malvinas. Ela saiu daqui muito feliz porque estaria realizando seu sonho de ser mãe de uma menina e, de repente tudo deu errado e não sabemos até hoje o que aconteceu com ela”, desabafou dona Severina. Procedimento cirúrgico no ISEA Ao chegar no ISEA, por volta das 19h, como marcado com o médico Rodolfo Rodrigues, Samara Vieira se dirigiu direto para o centro cirúrgico. O médico anestesista realizou o procedimento de aplicação da ráqui. Em seguida, o médico disse a sua equipe que estaria atendendo a uma outra paciente e depois retornaria para tratar da jovem Samara. Ao retornar para iniciar o procedimento cirúrgico em Samara, o médico cortou-a, mas ao fazer esse procedimento foi parado pela voz da jovem que disse estar sentindo dores e ela pediu que ele parasse. No entanto, o médico disse que ela estaria nervosa, daí pediu que ela levantasse a perna e assim ela fez, ou seja, a anestesia dada antes não teria sido efetiva e/ou suficiente. Esse fato, foi relatado pela própria jovem às amigas ao sair do centro cirúrgico.
Ainda no Centro cirúrgico, após o susto tomado pelo médico, ele chamou a sua equipe novamente e comunicou que seria necessária uma outra dose da anestesia ráqui, o que foi feito com Samara já cortada. Após aplicada a segunda dose da anestesia, Samara relatou às suas amigas que o médico teria dito ao alguém da sua equipe, que durante o corte atingiu um vaso que não deveria ter sido cortado e questionou sobre qual seria o melhor procedimento a ser tomado. Nesse instante, a jovem notou que já havia perdido muito sangue e questionou o médico sobre o que estaria acontecendo. Dr. Rodolfo disse que ela não se preocupasse que tudo estava sob controle. Encerrada a cirurgia, Samara foi para a enfermaria onde ficou internada durante três dias. No segundo dia, pós-operatório, uma enfermeira foi retirar a sonda da jovem e notou que havia bastante sangue em sua urina.
A profissional perguntou se ela havia tido infecção urinária durante a gravidez e ela respondeu que não.
A enfermeira, então tomou a decisão de aplicar-lhe três soros para limpar a urina. O que teria amenizado a quantidade de sangue, mas não resolvido de fato. No terceiro dia, pós-operatório, Samara recebeu alta médica e foi para casa. Mas ao chegar na sua residência, começou a sentir muitas dores e sentiu que seu estômago e pernas estariam inchando, de maneira anormal, além de estar com febre alta.
Samara resolveu, então ligar para o médico, no sábado (17), para dizer o que estaria sentindo e, por telefone, foi medicada com dipirona e o médico disse que era normal e que iria passar, o que não ocorreu. Segundo informações da sua mãe, dona Severina, a febre e as dores só aumentavam, até que na segunda-feira (19), a jovem já estava sem sentir seu lado esquerdo, não conseguia mais andar e começou a ter dificuldades para respirar. Foi quando sua mãe ligou para uma amiga de Samara e desesperada disse que sua filha estava morrendo. Ela foi levada às pressas para o ISEA e lá foi feito, a pedido dela uma ultrassonografia que diagnosticou um coágulo de sangue. Ela foi levada a sala de cirurgia mais uma vez, sem que a família soubesse.
O caso saiu do controle e ela foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Clipsi, onde passou uma semana, entrou em coma e acabou morrendo. Dor e saudade A filha de Samara Vieira, a pequena Arielly Vieira está aos cuidados da avó. A jovem morreu sem ao menos poder compartilhar sua felicidade ao lado da filha. Samara deixou três filhos, um de 4, outro de 6 e a pequena recém-nascida. Amigos e familiares, estão inconformados com o que aconteceu e agora, além de explicações pedem justiça para que os procedimentos cirúrgicos do ISEA sejam investigados pelas autoridades competentes. A mãe de Samara Vieira, disse que vai denunciar o caso ao Ministério Público e para a Procuradoria de Saúde do Município para que o caso possa ser investigado e que ela possa saber o que realmente teria ocorrido à sua filha. Prontuário A família tentou por mais de uma vez requerer o prontuário do Hospital da Clipsi e também da maternidade ISEA, mas afirmaram que só poderiam liberar diante de um requerimento que justificasse os motivos para que necessitariam e com que finalidade.
 
A Chefe do Comitê de Investigação de Mortalidade Materno-Infantil da Secretaria de Saúde do Município, Eugênia Bernardino, explicou que já sabia do caso e que estaria se posicionando na próxima segunda-feira (16), mas adiantou que tem um prazo de 120 dias para investigar o caso, onde serão investigados os procedimentos adotados no Pré-natal, no ISEA e na CLIPSI para apresentar uma resposta.
(Chefe do Comitê de Investigação de Mortalidade Materno-Infantil da Secretaria de Saúde do Município)
Portal do Litoral PB
Com AgoraPB



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