PMJP realiza roda de conversa para celebrar Dia Mundial da Mulher Negra e Dia Nacional de Tereza de Benguela
A Prefeitura de João Pessoa realizou, nesta quarta-feira (26), uma roda de conversa em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela. As datas são celebradas no dia 25 de julho e reforçam a luta e resistência das mulheres negras por seus direitos, contra o racismo e o sexismo.
A iniciativa foi da Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPPM), Coordenadoria Municipal de Promoção à Cidadania LGBT+ e da Igualdade Racial, em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher. A programação foi aberta às 9h no Espaço da Mulher, localizado no Paço Municipal, e abordou o tema ‘Conquistas e Desafios das Mulheres Negras, Latinas e Caribenhas nos Espaços de Poder’.
Segundo a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Nena Martins, o evento visa promover o intercâmbio de informações e a reiteração de luta contra o racismo, a violência de gênero e todas as formas de agressão impostas socialmente às mulheres pretas. “É um dia muito especial alusivo às mulheres negras e que luta todos os dias contra o preconceito”, destacou.
A professora, doutora e chefe do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Francy Silva, participou da roda de conversa e abordou os avanços e retrocessos das mulheres negras ao longo dos anos. “Atualmente, observamos mais mulheres negras como estudantes, fazendo mestrado e doutorado, mas considero que é preciso pensar numa perspectiva mais ampla na área acadêmica e política. Discussões como essa que estamos tendo hoje nessa roda de conversa é um outro exemplo de avanço na questão das políticas públicas”, salientou.
Na questão dos retrocessos, Francy Silva destacou o baixo número de mulheres negras nos ministérios e também do Brasil não ter eleito nenhuma negra como presidente da República até agora. “Os índices de violência no País também mostram um aumento de violência contra as mulheres negras. Nós somos as maiores vítimas do racismo, da violência. Somos nós que sofremos mais discursos de ódio na internet, desde os mais simbólicos, bem como o psicológico, físico e obstétrico, conforme aponta a disparada nos índices de violência do Brasil”, acrescentou.
Geraldo Filho, coordenador de Promoção LGBT e Igualdade Racial de João Pessoa, também falou sobre os avanços na luta contra o racismo tanto no âmbito nacional quanto no municipal. “Principalmente no que diz respeito ao Município, posso citar agora o desmembramento da questão da luta LGBT da Igualdade Racial. O prefeito Cícero Lucena criou uma coordenadoria específica para tratar da igualdade racial, com previsão de funcionamento a partir do próximo mês. Isso é muito importante do ponto de vista que a cidade é composta por um grande número de negros e pardos. Esse desmembramento é extremamente necessário para trabalharmos melhor o tema”, observou.
Marli Soares, dos movimentos sociais Maria Quitéria e de Mulheres Negras e que vai assumir a vice-presidência do Conselho de Igualdade Racial de João Pessoa, também presente na atividade, afirmou que “é muito importante celebrar o Julho das Negras, por se tratar de um mês que leva a um novo olhar para a mulher negra. É o momento e oportunidade de se autoconhecer, não só pela nossa luta, mas pelo nosso bem viver. É sobre a importância de mostrar o nosso empoderamento”, destacou.
As datas – O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi criado em 1992, ano do 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado em Santo Domingos, na República Dominicana, que além de propor a união entre essas mulheres, visava também denunciar o racismo e machismo enfrentados por mulheres negras, não só nas Américas, mas também em todo o mundo. Desse encontro nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas. A Rede, junto à ONU, lutou para o reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
O dia 25 de julho foi declarado por lei de 2014, o Dia Nacional Tereza de Benguela e da Mulher Negra, em homenagem a Tereza de Benguela, rainha do quilombo Quariterê, no Mato Grosso. Depois das guerreiras dos mocambos de Palmares no século XVII, a liderança feminina mais conhecida dos quilombos coloniais no Brasil foi Tereza de Benguela, africana escravizada nas áreas de mineração por volta de 1730.
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