Publicado em: 5 abr 2014

“La Vie en Rose”! Fragmentos da vida de uma prostituta, hermafrodita e pai de 3 filhos

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“’Eu prefiro vender meu corpo do que a minha alma, é mais difícil, mas muito mais limpo’ Claudette me disse em um de nosso primeiro encontro. Como não escrever um livro sobre ela!”. É assim que a fotógrafa Malika Gaudin Delrieu começa falando sobre seu projeto “La Vie em Rose”, criado quando fazia uma pesquisa sobre tráfico sexual na Suíça. O livro, segundo a autora, não tem por objetivo falar sobre um mundo mais obscuro às margens da sociedade, mas sim “dar voz à Claudette, para deixá-la contar sua história e expressar suas opiniões”.

Além disso, o projeto retrata também as diferenças entre o modo como a prostituição é tratada na Suíça e na França, país muito mais rígido com essas questões. “”Lá, a prostituta é infeliz, e se ela diz o oposto, é porque não tem conhecimento do quanto lhe tratam como uma miserável. Este documentário oferece um ponto de vista diferente sobre um assunto que muitas vezes é reduzido a uma série de clichês”, conta Malika no site do projeto.

Claudette, protagonista do livro, é marido (casada há 52 anos com Andreé), avô e ciclista premiado. Mas também é intersexual – possui ambos os sexos – e se prostituta para sustentar a si e a família. Nascida com genitália masculina e feminina, seus pais lhe atribuíram o gênero masculino quando nasceu, na Suíça, em 1937. “Eu nunca me senti mal por ser hermafrodita, são os outros que têm um problema com isso, não eu. Eu sempre me senti como uma menina e vivi minha vida em conformidade. Tenho o sexo dos anjos, por que eu iria ter vergonha dele?”, diz Claudette.

Apaixonada por esportes, ela conta como surgiu o interesse pelo ciclismo. “O esporte sempre foi uma parte importante da minha vida. Andar de bicicleta é uma das minha paixões, eu tenho feito isso toda a minha vida e eu não tenho nenhuma intenção de parar. Ainda ganho concursos e gravo tempos melhores do que as pessoas 30 anos mais jovem do que eu”. Segundo ela, “a prostituição se torna uma fonte de auto-confiança”.

“Este olhar dos outros, que é muitas vezes uma causa de sofrimento na vida diária, não está cheio de desejo por seu corpo, tão cheio de si que eles estão dispostos a pagar para obtê-lo. A satisfação de um trabalho bem feito é incomparável na prostituição. Quando um cliente está feliz, eu estou feliz também”, conclui Claudette, feliz pelo livro totalmente focado em sua vida, antes vista como mais um problema da sociedade marginalizada.

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