Publicado em: 14 out 2020

Robôs de ultravioleta são a nova arma contra o coronavírus

A Comissão Europeia se prepara para distribuir em hospitais do continente os chamados “robôs esterilizadores”, aparelhos que conjugam duas tecnologias bem conhecidas —a radiação ultravioleta e a robótica— em um novo uso com enorme potencial em tempos de pandemia: a esterilização sem intervenção humana de espaços com risco de estarem contaminados pelo coronavírus.

“Os robôs ajudam a limitar a propagação do vírus enquanto protegem o pessoal sanitário e os pacientes, resguardando os trabalhadores da limpeza dos riscos associados ao processo de desinfecção”, determinou o Comitê de Segurança Sanitária da Comissão Europeia (Poder Executivo da União Europeia) na sua reunião de 24 de setembro, cuja ata foi publicada nesta segunda-feira. Esses aparelhos são capazes de eliminar 99,99% dos agentes patogênicos presentes em um espaço fechado.

O interesse da UE em impulsionar esse projeto fica claro pelo fato de este ter sido o primeiro item da pauta da reunião. As máquinas esterilizadoras “já foram utilizadas com sucesso em hospitais da Europa e do mundo”, respondeu por escrito a comissão nesta segunda. “Podem ajudar os centros a cumprirem as exigências de esterilização de forma eficiente”, acrescentou.

Os primeiros robôs esterilizadores incluídos no plano foram desenvolvidos pela empresa dinamarquesa Blue Ocean Robotics em colaboração com hospitais da região de Odense. Dentro da estrutura da UE, seu uso foi promovido pela Direção Geral para a Sociedade da Informação —que tem entre suas atribuições a de apoiar a indústria europeia na nova era da digitalização. Em 23 de julho, a Direção Geral de Saúde do bloco lançou o plano-piloto, que prevê “adquirir 200 robôs para doá-los a hospitais europeus”, segundo a ata. Existem mais de 5.000 hospitais na UE e no Reino Unido— que continua participando destes programas da UE apesar de ter deixado o bloco, e 500 deles manifestaram seu interesse em um primeiro levantamento, segundo a comissão.

A Comissão Europeia diz que “os robôs serão distribuídos segundo a situação epidemiológica e as necessidades expressas por cada país”. A Espanha foi um dos países que mais manifestaram interesse pela com a iniciativa —quase 200 hospitais solicitaram o robô, segundo o Ministério da Saúde.

Outros países, como Suécia e Alemanha, ainda estão solicitando mais informações. “Não vimos estudos sobre a eficácia deste tipo de robôs”, afirmou o representante sueco no comitê. A Alemanha se mostrou ainda mais reticente e recordou os riscos da radiação. A Comissão Europeia responde que “os robôs podem ser operados de fora do cômodo, e o operador não estará em nenhum caso exposto à luz ultravioleta”.

“Sem ser uma tecnologia nova, a grande vantagem é que os robôs emitem a radiação de dispositivos autônomos que são seguros. O difícil pode ser que se encaixem na dinâmica diária de muitos serviços de um grande hospital”, afirmava nesta segunda o diretor de tecnologia de um hospital público de Madri, pedindo anonimato.

A Comissão quer distribuir as primeiras 50 unidades em novembro, e depois “continuar as entregas a um ritmo de 50 unidades mensais”. Em todo caso, esse volume representa apenas um primeiro passo, já que um hospital de 300 leitos precisaria de uma dúzia de robôs.

Em respostas por escrito, um executivo da Blue Ocean Robotics destaca que, embora existam outras máquinas que emitem raios ultravioletas, “os robôs se movimentam de forma autônoma, o que permite chegar a zonas escuras que não abrangem os aparelhos estáticos”. “Um robô precisaria de apenas 10 minutos para esterilizar um cômodo hospitalar”, acrescenta o responsável.

Perigosa na praia, aliada nos centros cirúrgicos

A Terra está submetida a um bombardeio de radiação ultravioleta procedente do Sol, mas, graças à atmosfera, apenas uma ínfima parte desses raios chega à superfície do planeta. Ela é prejudicial para o ser humano, razão pela qual é preciso usar óculos escuros e protetor solar em lugares como praias e montanhas, para evitar queimaduras. Também causa câncer de pele. Ocorre que vírus e bactérias tampouco estão adaptados à radiação, e daí seu potencial esterilizador nos hospitais.

 

EL País




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