Com sexo gay e nu de Wagner Moura, público se retira de exibição de filme em Berlim
Na contramão de “Hoje eu Quero Voltar Sozinho”, que usa da delicadeza e da percepção para narrar a história de um adolescente que se descobre gay, “Praia do Futuro”, outro drama brasileiro que foi exibido nesta terça-feira (11) na mostra competitiva do Festival de Berlim, apresenta a história de um casal gay adulto que busca se aventurar e encontrar coragem para viver. O longa chamou a atenção por conta das diversas cenas de sexo e nu frontal de Wagner Moura.
O novo longa do diretor Karim Aïnouz (de “O Abismo Prateado”, 2011, e “O Céu de Suely”, 2006) foi apresentado para uma sala cheia, mas não arrancou palmas da plateia. Um dos integrantes do júri, o ator Christoph Waltz, bocejou algumas vezes durante a exibição. Cerca de 15 espectadores deixaram a sala nas cenas que envolviam carícias do casal.
Na conversa com os atores após a exibição, Wagner Moura, Jesuíta Barbosa e o alemão Clemens Schick comentaram sobre o trabalho, filmado em Berlim e em Fortaleza (CE) em 2012. “Uma das coisas importantes é que [os atores] falassem, se aventurassem, se arriscassem e fossem a lugares desconhecidos. Queríamos falar sobre o contratempo entre medo e coragem”, disse o diretor.
Moura chegou a morar na capital alemã durante as filmagens e disse que se identifica com a cidade. “Berlim é uma das minhas cidades favoritas, mas viver aqui e estar na cidade fez uma grande diferença. O filme é sobre alguém que chega em um lugar e se reconstrói. A gente é o que as pessoas projetam na gente. Vir para um lugar e começar do zero foi fascinante. Viver a cidade foi fascinante”.
Aïnouz reside em Berlim e Moura é um velho conhecido da casa — após seu papel em “Tropa de Elite”, Urso de Ouro em 2008. Se agradar ao júri, “Praia do Futuro”, pode assegurar o terceiro Urso de Ouro ao Brasil — o primeiro foi com “Central do Brasil”.
Sobre a polêmica que o filme pode gerar no Brasil, Moura disse que essa não é uma preocupação. “Não me preocupo com a recepção no Brasil. A relação que existe entre os caras é importante, mas não o mais importante no filme. Quanto mais a gente não fizer disso uma questão ou um problema, mais ajudamos politicamente contra o preconceito a homossexuais. Tem duas dimensões, uma dramática e outra política. Temos que parar de ver isso como um assunto.”
Personagens heroicos e vulneráveis
Após seis anos sem um filme na disputa pelo Urso de Ouro, o Brasil voltou à competição oficial do Festival de Berlim com o novo longa de Karim Aïnouz, “Praia do Futuro”. Com “O Céu de Suely” e “O Abismo Prateado”, ele tratou do abandono sob a perspectiva de mulheres, e agora voltou ao tema com personagens masculinos e com ares de super-heróis, ainda que vulneráveis.
Em “Praia do Futuro”, Wagner Moura interpreta Donato, um heroico salva-vidas que trabalha na praia de mesmo nome, em Fortaleza (CE). Depois de não conseguir salvar uma vítima pela primeira vez na carreira, Donato conhece um amigo do afogado, o motoqueiro alemão Konrad (Clemens Schick), e parte em busca de uma nova vida no país europeu. Para trás, deixa o irmão, Ayrton (Jesuíta Barbosa), que o tinha como ícone. Oito anos depois, Ayrton parte para Alemanha em busca do irmão mais velho.
O diretor, que vive atualmente em Berlim, disse ao UOL que o filme foi “gestado” enquanto viveu pela primeira vez na cidade, em 2004, após dirigir “Madame Satã”, seu primeiro filme, e enquanto escrevia o roteiro de “Céu de Suely”. “É um lugar que está tentando se entender, tentando entender qual seu futuro. Berlim tem um ambiente criativo muito bonito”.
Portal do Litoral PB com Uol
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