Gigante nas redes, com 2,02m, o paraibano Jô foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira adulta de vôlei de praia. Aos 23 anos, o jogador tem o aval e a aprovação do campeão olímpico Ricardo, que o conhece desde o início da carreira, e se diz animado com a chance. Agora, ele quer mostrar nas areias que a técnica Letícia Pessoa fez a escolha certa ao optar pelo seu nome e, empolgado, já sonha em ser um dos representantes do Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016.
Para Jô, optar pelo vôlei de praia não foi fácil. Em 2008, quando ainda jogava na quadra, ele recebeu uma proposta do Pinheiros, de São Paulo. Mas logo depois recusou. Preferiu fazer um “teste” nas areias da Praia do Cabo Branco, em João Pessoa, justamente no centro de treinamento de Ricardo. Passou. E já no ano seguinte iniciou a transição para a nova modalidade.
– Foi uma mudança difícil. Eu já jogava na quadra e recebi o convite de jogar em São Paulo. Mas antes de aceitar essa oportunidade fui fazer um teste no Centro de Treinamento do Cabo Branco. Fiz o treino, gostaram do meu desempenho e apostaram em mim. Acatei tudo o que me falaram imediatamente. Depois disso, comecei a colocar metas de representar o Brasil, disputar o Circuito Brasileiro, entre outras conquistas – destacou.
Sem receber apoio em João Pessoa, principalmente pelo lado financeiro, Jô foi em busca de novos objetivos. Trocou a capital paraibana pelo Rio de Janeiro há dois anos. E é no clube Instituto Evokar, na Cidade Maravilhosa, que ele realiza toda a sua preparação.
– Saí da minha cidade por falta de patrocínios. As empresas paraibanas são muito difíceis. Recebi uma proposta do Rio, que me recebeu de braços abertos durante esse tempo todo que estou aqui. Quase todos os meus títulos foram conquistados na cidade que me acolheu – revelou, sem esconder no entanto sua “paraibanidade”.
Antes de ser chamado para seleção brasileira adulta, Jô já tinha participado de competições internacionais pelas categorias de base. O paraibano disputou o Circuito Mundial Sub-21 em 2009 e 2010, na Inglaterra e Turquia respectivamente.
– Nas duas etapas do Mundial de base fiquei em nono lugar. Já tinha participado também de outras competições sul-americanas. Isso tudo me deu suporte para chegar até onde estou hoje. O ano passado foi de muitas conquistas, fruto de um trabalho que foi bem feito. Por isso surgiu essa convocação, que faz meu 2014 começar com o pé direito.
Ser uma aposta da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) para algumas competições internacionais em 2014 deixa Jô “ansioso”. E também focado para alcançar as metas. Nos treinamentos, ele espera mostrar força de vontade para corresponder dentro de quadra.
– Tento me manter calmo, fazer o meu trabalho sério. Tem pessoas que me apoiam: família, namorada, as pessoas do meu clube também. Eles passam toda a tranquilidade e isso me ajuda muito. Espero corresponder todas as expectativas da melhor forma possível.
Ainda foram convocados para a seleção brasileira masculina o também paraibano Álvaro Filho; o capixaba Edson Filipe; o catarinense Alison; o cearense Bernardo Lima; o sul-matogrossense Saymon; e os cariocas Thiago, Oscar, Guto e Márcio Gaudie. Os atletas já começaram os treinamentos para a primeira etapa do Circuito Sul-Americano no final de janeiro, em Macaé, no Rio de Janeiro.
(Foto: Lucas Barros/Globoesporte.com/pb)
Maior ídolo
No vôlei de praia, o maior ídolo de Jô é o medalhista olímpico Ricardo. O ‘quase quarentão’ serve como referência para o paraibano. Quando está em quadra o atleta mais novo, as vezes, recebe dicas do “mentor” de 39 anos.
– Tive o prazer de treinar junto com ele. Quando a gente se encontra ou mesmo jogando, ele observa e sempre me dá algumas dicas e passa algo a mais para minha carreira.
Satisfeito com os elogios, o baiano Ricardo garante que Jô é uma promessa do vôlei de praia. O campeão olímpico nos Jogos de Atenas em 2004 ainda lembrou que o paraibano deu os primeiros passos para o esporte no seu Centro de Treinamento, em João Pessoa.
– Ainda lembro dele quando começou no esporte. No mesmo local em que treino até hoje em João Pessoa. É um menino novo, muito bom tecnicamente e que tem um futuro muito grande. É por isso que ele foi convocado. E também pelo que tem mostrado nesta temporada – destacou Ricardo.
É inspirado em Ricardo e na primeira convocação para seleção brasileira principal, que Jô vai buscar uma das vagas do Brasil para as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Caso não alcance a meta, ele vai correr atrás para poder ter essa chance em Tóquio, nos Jogos seguintes.
– Esperança a gente sempre tem e trabalha para que possa acontecer. Se eu for chamado tudo bem. Mas caso contrário, vou continuar trabalhando. Vou ficar muito feliz se fosse em 2016, mas se não for, que venha 2020 – concluiu Jô, que forma dupla com o tocantinense Averaldo no Circuito Brasileiro e ocupa a oitava colocação geral com 1.020 pontos.
Portal do Litoral com GEPB