Publicado em: 17 abr 2017

Mais de 50 veículos são blindados em um ano na PB e investimento passa de R$ 2,5 mi

Dados do Sistema de Controle de Automóveis Blindados do Exército Brasileiro mostram que 51 veículos foram blindados em 2016 na Paraíba, o que representa investimento de, no mínimo, R$ 2,5 milhões. Em todo Brasil, os números ficaram em 18.865, uma alta de mais de 60% no período de dois anos. O estado campeão na aquisição do serviço foi São Paulo, que totalizou 12.097 automóveis equipados com blindagem.

Segundo o designer automotivo e especialista em segurança e blindagem, Glauco Splendore, o aumento da violência urbana e a falta de políticas públicas têm feito com que a população passe a investir mais em segurança particular. Ele estima que o setor de blindagem deva crescer pelo menos 15% neste ano, devido à crescente sensação de insegurança.

Glauco Splendore, que é sócio de uma empresa de blindagem, explicou que para blindar um veículo é necessário desembolsar entre R$ 50 mil e R$ 80 mil. O valor cobrado varia de acordo com o modelo do automóvel – sendo o preço do serviço em modelos SUV mais caro do que o para automóveis sedans – e também com o nível balístico. Leva cerca de 15 dias para que a aplicação da blindagem seja realizada. Na Paraíba, não há locais especializados no serviço e interessados normalmente recorrem a estabelecimentos em Pernambuco ou no Ceará.

Ainda conforme o especialista, testes mostram que um veículo blindado suporta até três tiros efetuados contra o mesmo ponto sem que um ocupante fosse atingido. “Mas dificilmente isso [três tiros num mesmo ponto] vai acontecer, uma vez que a blindagem é feita para garantir condições de o motorista se livrar de uma situação de violência. Então o alvo do bandido nunca vai ser o mesmo à medida que o carro for se movimentando”, pondera.

De acordo com a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), o Brasil é líder mundial em frota veículos blindados, com mais de 160 mil carros utilizados por civis. Para Glauco Splendore, o dado indica preocupação com casos de homicídio, que cresceram 14,22% em 10 anos, conforme o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Uma das pessoas que aderiram à blindagem por temer a criminalidade foi o empresário Pablo Marcelo, de São Paulo. Ele contou que decidiu investir na segurança de seus veículos em 2015, após sofrer dois assaltos a mão armada. “Estava saindo de um restaurante e um bandido apontou uma arma para mim pelo vidro do carro”, lembra. “Desde então, resolvi seguir o conselho dos meus amigos e investi na blindagem”, completa.

De 2015 para cá, foram três carros blindados por Pablo Marcelo, totalizando um custo de aproximadamente R$ 180 mil. Mesmo sem ter sido vítima de um novo ataque nesse período, o empresário diz que não fica mais sem blindagem. “Quando preciso deixar meu carro blindado na oficina e usar um comum, por exemplo, não me sinto seguro. Não dá para ficar sem blindagem”, diz.

Uma vez blindado, o carro fica impedido de voltar a sua condição original e passa a exigir manutenção semestral. “Há um desgaste maior porque é como se quatro pessoas estivessem no carro o tempo todo, o peso fica em aproximadamente 160 quilos. Então recomendamos revisão a cada seis meses, tanto no que diz respeito à proteção balística quanto a funcionalidades do carro, como freio e suspensão”, explica Glauco Splendore. O serviço de manutenção custa em média R$ 1.500 e é realizado em dois dias.

Portal Correio




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