Só 7,3% dos alunos do 3º ano do médio tem nível adequado de Matemática
Apenas 7,3% dos estudantes do 3º ano do ensino médio tiveram aprendizado considerado adequado em Matemática em 2015. O índice é inferior ao de 2013, quando 9,3% atingiram o esperado para a etapa. Em Português, o porcentual foi de 27,5% ante 27,3% – o que indica uma estagnação, já que a variação de 0,3 ponto porcentual não é estatisticamente significativa.
Os dados são de um levantamento feito pelo Movimento Todos pela Educação (TPE), com base na avaliação dos alunos pela Prova Brasil e pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), divulgados em setembro.
O levantamento é parte de uma das metas do movimento, o aprendizado adequado para o ano em que o aluno está. O objetivo é que, até 2022, o Brasil consiga universalizar a educação de qualidade. As médias intermediárias definidas pelo TPE, 40,6% em Matemática e 49% em Português, não foram atingidas.
Apenas no ensino médio não houve melhora nos índices. No 9º ano do ensino fundamental, 33,9% dos alunos têm aprendizado adequado em Português e 18,2%, em Matemática. Em 2013, eram 28,7% e 16,4%, respectivamente. No entanto, sem também conseguir alcançar as médias intermediárias de 49,9% em Português e 45,4% em Matemática.
É no 5º ano do ensino fundamental que o país registra maior avanço. Nessa etapa, 54,7% dos estudantes aprenderam o considerado adequado em Português – ultrapassando a meta estabelecida de 53,7% – e 42,9%, em Matemática. Em 2013, os índices eram de 45,1% e 39,5%, respectivamente. A meta de Matemática de 49,5% não foi alcançada.
Para Priscila Cruz, presidente-executiva do TPE, os dados mostram que o ensino nos anos finais e do ensino médio é ruim e que as melhoras nos anos iniciais não se refletiram nas demais etapas da Educação, como muitos especialistas acreditavam. “O País conseguiu definir o ensino nos anos iniciais, sabe qual é a sua função e o que é preciso para os alunos avançarem. O Brasil está acertando nessa etapa, mas não conseguiu que isso refletisse nos anos adiante”, disse.
Priscila afirmou que a transição para o fundamental dois (do 6º ao 9º ano) é onde a educação brasileira começa a se perder. “É uma etapa já naturalmente complicada porque coincide com a transição do aluno da infância para a juventude, mas o País ainda não conseguiu um formato exitoso para que essa etapa garanta a aprendizagem adequada”, disse.
Para ela, como os anos finais do fundamental têm a garantia de matrículas compartilhada entre Estados e municípios, a etapa fica “órfã”. “É uma etapa invisível para o gestor público. As prefeituras se preocupam com a educação infantil e os anos iniciais e os Estados, com o ensino médio”.
MEC. Maria Helena Guimarães, secretária-executiva do MEC, disse que desde 2007 é observado no País a melhoria nos anos iniciais, mas estagnação nos anos subsequentes, contrariando evidências de pesquisas. “Isso (a consequente melhora) não ocorreu no Brasil e não temos pesquisas que apontem os principais problemas que dificultam a melhoria dos anos finais”, disse.
Segundo ela, alguns indicadores devem ser considerados, como a falta de um processo de transição do 5º ao 6º ano e a formação de professores. “Muitos dos que estão nos anos finais, atuando nas áreas específicas de Português, Matemática, Ciência, História e Geografia são pedagogos que a rigor não são professores especialistas das áreas específicas e muitas vezes não têm a complementação pedagógica”, disse.
Para Maria Helena, a Base Nacional Comum Curricular – documento relativo à educação infantil e ensino fundamental que deve estar totalmente pronto no meio do ano -, a reforma do ensino médio e um programa de formação inicial e continuada de professores na infraestrutura das escolas podem garantir a melhora do ensino.
“A reforma do ensino médio é muito importante para mudar a estrutura, a arquitetura do ensino médio, mas só a reforma não é o suficiente. Junto com a reforma, precisamos da Base Curricular Nacional, que também é necessária para os anos finais”, afirmou.
Estadão
Acompanhe as notícias do Portal do Litoral PB pelas redes sociais: Facebook e Twitter