Publicado em: 16 set 2016

Laudo do IML confirma que Domingos Montagner morreu por afogamento

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O IML (Instituto Médico Legal) de Aracaju divulgou por volta das 3h desta sexta-feira (16) que a necropsia realizada no corpo do ator Domingos Montagner, 54, confirmou que ele morreu por asfixia mecânica provocada por afogamento.

O IML aguarda o comparecimento de algum parente de primeiro grau ou responsável com procuração assinada para fazer a liberação do corpo.

O corpo do ator chegou na madrugada desta sexta-feira (16) ao IML. Ele morreu afogado após mergulhar de uma pedra no rio São Francisco, na tarde de quinta (15), durante o intervalo das gravações de “Velho Chico”, novela das 21h da Globo.

Por volta da 1h, o trânsito foi bloqueado na rua do IML para facilitar o acesso da equipe que foi buscá-lo na cidade de Canindé do São Francisco. Fãs do ator esperavam a chegada do corpo do ator.

Seu corpo foi encontrado por mergulhadores do Corpo de Bombeiros de Sergipe. Estava a 18 metros de profundidade, preso em pedras, a cerca de 50 metros do local onde havia mergulhado.

Nascido em São Paulo em 1962, morador de Embu das Artes, Montagner era o protagonista da produção ambientada no Nordeste, seu 12º trabalho na televisão.

Em depoimento à polícia, Camila Pitanga contou que nadava com o ator quando sentiu uma forte correnteza e se segurou em uma pedra.

Ao perceber que o colega estava sendo levado, ela tentou agarrar sua mão por duas vezes. Montagner, então, afundou e voltou à superfície duas vezes, depois desapareceu. Ela gritou por ajuda aos que estavam na orla do rio, chamada de Prainha.

Os dois haviam almoçado pouco antes no restaurante Caçuá, próximo ao local. De manhã, gravaram cenas para a novela. As polícias civil e militar, o Corpo de Bombeiros e o Grupamento Tático Aéreo foram acionados e mobilizaram inicialmente 50 profissionais para as buscas, que incluíram dois helicópteros.

A atriz foi resgatada por uma lancha. O corpo de Montagner foi encontrado mais de quatro horas depois.

A novela estava nas cenas finais, e o ator deveria voltar ao Rio de Janeiro neste domingo (18). Ele era casado havia 15 anos com a atriz Luciana Lima e deixa três filhos.

NOVELA

A equipe da Globo se preparava para deixar a região. O último capítulo deveria ir ao ar no dia 30/9. Não se sabe que rumos a novela tomará. A produção é dirigida por Luiz Fernando Carvalho e escrita por Benedito Ruy Barbosa.

Na trama, o personagem de Montagner vivia um agricultor que lutava contra coronéis da região. Em um dos embates, o personagem tomou três tiros e sumiu nas águas do São Francisco. Desaparecido e dado como morto, reapareceu semanas depois numa aldeia indígena.

A região onde foi construída a hidrelétrica de Xingó, inaugurada em 1994, na cidade de Canindé de São Francisco, apresenta fendas e cânions sob o leito do rio, onde se formam rodamoinhos que podem ter puxado o ator para baixo. A profundidade chega a alcançar 120 metros.

O município registra 12 mortes por afogamento desde 2005, numa média de um por ano, segundo dados do Sistema Único de Saúde. No início deste ano, um adolescente morreu ali ao navegar com um barco.

Segundo a Companhia Hidrelétrica do São Francisco, que administra a usina de Xingó, a vazão atual da água é de 600 m³/s, um décimo da vazão máxima, de 6.000 m³/s. O rio passa por uma seca histórica, e as comportas da usina estavam fechadas nesta quinta-feira (15).

Foi a segunda morte ocorrida durante as gravações de “Velho Chico”. Em abril, o ator Umberto Magnani, que fazia o padre Romão, morreu aos 75 anos devido a um acidente vascular encefálico.*

Santo, personagem de “Velho Chico”, marcou a 12ª participação de Montagner na televisão, que apresentou o ator no seriado “Mothern”, do GNT, em 2008, e, dois anos depois, como Carlos, amante da protagonista vivida por Lília Cabral na minissérie “Divã”, da Rede Globo.

Em 2011, Montagner recebeu seu primeiro papel em uma novela, já com destaque, como o cangaceiro Herculano em “Cordel Encantado”. Depois, transformou-se em rosto recorrente na emissora, atuando em títulos como “Salve Jorge” e “Sete Vidas”.

O ator, que fazia questão de se afirmar palhaço, começou a carreira estudando com a atriz Myriam Muniz e, em seguida, no Circo Escola Picadeiro.

Foi lá que conheceu Fernando Sampaio, com quem criou o La Mínima, em 1997. O espetáculo “A Noite dos Palhaços Mudos”, inspirado em uma história de Laerte, rendeu-lhe um prêmio Shell de melhor ator em 2008.

A dupla de palhaços também originou o coletivo Circo Zanni, do qual o Montagner era diretor artístico.

O ator estreou no cinemas em 2012, fazendo uma participação no longa “Gonzaga – de Pai Pra Filho”, de Breno Silveira, sobre o rei do baião e seu filho.

O papel como coronel Raimundo no longa de Silveira rendeu a ele a primeira indicação ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro –ele concorreu na mesma categoria por interpretar Milton em “A Grande Vitória” (2015).

No mesmo ano, ele deu vida ao delegado Espinosa, personagem criado pelo escritor carioca Luiz Alfredo Garcia-Roza no livro “Espinosa Sem Saída”, na adaptação televisiva “Romance Policial – Espinosa”, do GNT.

Em 2016, estrelou os longas “Vidas Partidas”, de Marcos Schechtman, “De Onde te Vejo”, de Luiz Villaça, “O Outro Lado do Vento”, de Walter Lima Jr, e “Um Namorado para Minha Mulher”, de Julia Rezende, lançado em agosto.

Montagner estava escalado para elenco de “O Que Nos Une”, trama global das 23h com previsão de estreia para abril de 2017.

Folha de São Paulo




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