Publicado em: 22 jun 2016

Temer refuta acusações de Machado, mas não vai processá-lo: ‘Não falo para baixo’

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O presidente interino Michel Temer (PMDB) refutou nesta terça-feira a acusação feita pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, delator da Operação Lava Jato, de que teria pedido a ele um repasse de 1,5 milhão de reais em favor da campanha do candidato do PMDB à prefeitura de São Paulo em 2012, Gabriel Chalita. “Você acha que eu ia me servir dele, tendo, com toda modéstia, o prestígio que tenho, no cenário nacional, para falar com empresário?”, questionou o presidente interino, em entrevista ao jornalista Roberto D’ávila, da GloboNews. “Os empresários falavam e falam comigo permanentemente. Jamais pedi a ele”, disse o presidente, acrescentando que não vai processar Machado por avaliar que “o que ele mais deseja é isso”. Temer entende que Machado quer “polarizar com o presidente da República”. “Não vou dar esse valor a ele, não falo para baixo.”

Temer voltou a defender a continuidade da Operação Lava Jato, garantindo que o governo não vai interferir no curso das investigações da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba. “O Executivo jamais poderia interferir no Poder Judiciário”, disse.

O presidente interino também disse acreditar que mais nenhum integrante do primeiro escalão do governo será derrubado pelas investigações da Lava Jato. Em 40 dias no Palácio do Planalto, Temer perdeu três ministros. Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência) caíram após serem flagrados criticando a operação em gravações feitas por Machado. A delação do ex-presidente da Transpetro também contribuiu para a última baixa na equipe de Michel Temer: a saída do ex-ministro do Turismo Henrique Alves do governo.

Já o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), contra quem a o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de um inquérito para investigar a suspeita de recebimento de propina de 100.000 reais da empreiteira UTC, recebeu um voto de confiança de Temer. “Coitado do Mendonça, né, francamente”, comentou o peemedebista.

Dilma – Na entrevista à Globonews, Temer criticou a proposta de novas eleições que tem sido aventada pelo entorno da presidente afastada Dilma Rousseff. “Não acho útil para a senhora presidente [propor novas eleições]. Porque, no instante em que ela diz que aceita um plebiscito para eleições, é porque ela deseja voltar para depois não governar”, argumentou.

Questionado se não seria um ato “mesquinho” retirar da presidente afastada o direito ao uso de jatinho oficial, Temer lembrou que estão autorizados os deslocamentos de Brasília até Porto Alegre, onde Dilma tem residência, mas classificou como esdrúxula a concessão do benefício em favor da campanha petista contra o processo de impeachment. “A senhora presidente tem o Alvorada, o Torto, e tem aviões para deslocamento ao estado [dela]. Convenhamos, ela não está no exercício. Usaria aviões para fazer campanha contra o golpe. Não tem atividades de natureza governamental. É uma situação esdrúxula usar avião oficial para denunciar ‘golpe'”.

Cunha – Sobre o limbo de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado de seu mandato parlamentar e da presidência da Casa, o presidente interino observa “um complicador, porque é interessante que a Câmara defina logo seu destino”. “Apesar das dificuldades internas”, ressalvou, “não estamos tendo dificuldades para aprovar os projetos.”

Impostos – Na entrevista, Michel Temer disse estar “segurando” a criação de novos impostos e destacou a proposta de um teto para os gastos públicos, condicionado ano a ano pela inflação. “Estou segurando isso [novos impostos]. O acordo que fizemos relativo ao teto, formatado pela Fazenda e o Planejamento será muito útil ao país, mas não basta que a União estabeleça um teto. Os estados também ficarão sujeitos ao teto”, afirmou.

Eleições municipais – Contrário à restrição das doações eleitorais a pessoas físicas, posta em prática pela primeira vez este ano, o presidente interino entende que há uma “criminalização das doações feitas por pessoas jurídicas”. “Esta eleição municipal vai ser palco para experiências. O que acontecer vai dar um norte para as eleições a deputado, presidente. Eu, pessoalmente, não tinha nenhuma objeção a doações de pessoas jurídicas. Se uma empresa resolve apoiar um partido, ela deve doar àquele partido. Isso é um gesto de opinião”, disse Temer.

Com Veja



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