Publicado em: 19 jan 2016

Dilma e Temer têm primeira reunião oficial, 44 dias após carta enviada pelo vice

Imagem Ilustrativa

A presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer devem ter nesta terça-feira (19) a primeira reunião oficial do ano e o segundo encontro após a divulgação da carta enviada por Temer a Dilma, que teve enorme repercussão e distanciou ainda mais a relação dos dois.

Na carta, Temer citava várias situações que, segundo ele, deixavam clara a falta de confiança da presidente no vice e no seu partido, o PMDB. Após o conteúdo da carta ter se tornado público, Dilma e Temer se manifestaram dizendo que a relação de ambos se manteria ‘institucional’.

Apesar de terem participado juntos de uma cerimônia em 16 de dezembro, nenhuma reunião oficial entre os dois ocorreu após a carta. Nesse período, Dilma recebeu diversas vezes ministros do chamado ‘núcleo duro’: Jaques Wagner (Casa Civil), Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), ministros da área econômica, além de governadores, prefeitos, presidentes de partido e empresários.

Dilma também recebeu, fora da agenda oficial, ministros próximos e o ex-presidente Lula no Palácio da Alvorada, residência da Presidência. Não se tem notícia de que Temer tenha participado de qualquer um desses encontros privados.

Após a divulgação da carta, Michel Temer teve uma série de reuniões com autoridades do PMDB na residência oficial da vice-presidência, o Palácio do Jaburu.

Questionados por jornalistas sobre o distanciamento, ambos negam. Na primeira segunda-feira útil de 2016, Michel Temer disse que a relação dele com a presidente Dilma: “fica harmoniosa”, após falar sobre o que esperava para o ano de 2016.  

— Muita harmonia. Acho que nós precisamos de muita harmonia. Eu tenho dito isso com muita frequência.  Acho que o Ano Novo é um ano que enseja, pelo menos, no começo essa ideia da harmonia absoluta. Harmonia no país; harmonia no PMDB. Nas bancadas do PMDB, em todos os locais. Acho que é isso que nós precisamos esperar.

No dia seguinte, foi a vez de Dilma comentar o contato entre os dois, dizendo que a relação estava ‘ótima’, durante café da manhã com jornalistas. A presidente chegou a dizer que teria uma reunião com o vice, no mesmo dia, sem saber, no entanto, que ele já havia embarcado para São Paulo: um sinal claro de que a relação entre ambos é distante.

A reunião desta terça entre Dilma e Temer pode ajudar a desatar um nó importante na relação dos dois. Na primeira semana de fevereiro, na volta do Congresso, o PMDB, partido do vice e maior bancada na Câmara, deve decidir quem será o líder do partido na Câmara em 2016. o líder do partido na Câmara em 2016.

O Planalto articula para que Leonardo Picciani (RJ) seja reconduzido ao cargo. Picciani é alinhando da Presidência e é considerado crucial para o Planalto durante a condução do processo de impeachment da presidente. Já Eduardo Cunha, presidente da casa e desafeto declarado do governo, tentam emplacar um aliado seu, Leonardo Quintão (MG). Nessa disputa interna do partido, Temer tem se mantido neutro.

Picciani, no entanto, foi citado nominalmente na carta de Temer à Dilma, em que o vice deixava claras as suas instatisfações. “De qualquer forma, sou presidente do PMDB e a senhora resolveu ignorar-me, chamando o líder Picciani e seu pai para fazer um acordo sem nenhuma comunicação ao seu vice e presidente do partido”, disse Temer na carta.

Amigos para sempre

O primeiro encontro oficial entre Temer e Dilma após a divulgação da carta, na noite do dia 7 de dezembro, aconteceu em um evento das Forças Armadas em Brasília, uma semana depois.

Tanto a divulgação da carta quanto o encontro se tornaram alvo dos internautas. A carta gerou uma explosão de memes, muitos fazendo referência a Temer como vice ‘decorativo’. No encontro das Forças Armadas o que chamou a atenção foi uma música tocada pela banda militar durante o evento ‘Amigos para sempre’, de Agnaldo Rayol. 

Com R7



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