Publicado em: 18 jan 2019

800 policiais militares da reserva se apresentam para reforçar segurança após ataques no Ceará

A Polícia Militar do Ceará confirmou que 800 militares da reserva se apresentaram para reforçar a segurança do estado, que vive uma série de ataques criminosos. O efetivo participou de uma reunião no Ginásio Paulo Sarasate, no Centro de Fortaleza, e 150 agentes da segurança pública iniciaram o trabalho nas ruas da capital nesta sexta-feira (18).

A convocação dos policiais da reserva foi uma das medidas adotadas pela Secretaria da Segurança Pública para tentar conter a onda de ações criminosas. Desde o dia 2 de janeiro, foram confirmados 210 ataquesem 46 dos 184 municípios cearenses. De acordo com a secretaria, 383 pessoas foram capturadas por envolvimento nos crimes.

Nesta sexta-feira (18), 17º dia de ataques no estado, criminosos incendiaram um ônibus no Bairro Quintino Cunha, periferia de Fortaleza. Os criminosos ordenaram que funcionários e passageiros do veículo descessem e atearam fogo; três homens foram presos, e duas mulheres estão foragidas. Não houve feridos.

Sargento Carlos Lionel acredita que pode ajudar no combate ao crime no retorno ao policiamento ostensivo — Foto: João Pedro Ribeiro/TVMSargento Carlos Lionel acredita que pode ajudar no combate ao crime no retorno ao policiamento ostensivo — Foto: João Pedro Ribeiro/TVM

Sargento Carlos Lionel acredita que pode ajudar no combate ao crime no retorno ao policiamento ostensivo — Foto: João Pedro Ribeiro/TVM

O retorno ao serviço foi o momento para reencontrar antigos colegas da corporação e também fazer um balanço do aumento da violência. “Mudou muito, a população cresceu e tudo é proporcional!”, disse o sargento Carlos Wilson Nascimento Lionel, 53 anos, que volta ao serviço após cerca de 5 anos na reserva. Para ele, hoje as facções e o tráfico de drogas são maiores. “Quando nós entramos [na PM], isso existia muito pouco”, afirmou.

O sargento, que passou 30 anos na Polícia Militar, pretende retornar ao policiamento ostensivo para contribuir com a segurança da população. Apesar da experiência, ele avalia que o físico pode ser uma das dificuldades nesse retorno.

“O que faz a gente pensar em voltar é a segurança do coletivo. Tudo que estou defendendo, a minha família está incluída. Mas a vista já não é a mesma, o corpo já não é o mesmo. Você pode até ter boa vontade, mas o seu corpo não permite. É como um jogador de futebol com 21 anos e depois com 35. Tem a vontade, mas o corpo não aceita”, disse.

“Eu tô pra aqui contribuir com a população cearense, como o governador, com o comandante geral. E é como dizia o Romário: ‘A gente pega os atalhos’ e chega até a eles [bandidos]”, brincou o sargento.

Sargento Nilton Uchoa retorna ao policiamento ostensivo após 4 anos na reserva — Foto: João Pedro Ribeiro/TVM

Sargento Nilton Uchoa retorna ao policiamento ostensivo após 4 anos na reserva — Foto: João Pedro Ribeiro/TVM

‘Retorno necessário’

O sargento Nilton Uchoa da Costa, de 59 anos, estava há 4 anos na reserva da PM. Após trabalhar 32 anos na ativa, ele afirma que é um “retorno necessário devido ao baixo efetivo”. O policial acredita que, diante do cenário, é necessário voltar e ajudar os “companheiros de farda”.

Já o 1º sargento da Polícia Militar Vilmar dos Navegantes Bastos diz que estava há três anos na reserva, após passar 35 anos no policiamento ostensivo das ruas. Ele encara o retorno como uma “oportunidade”. “É bom reconhecer os amigos novamente, estou gostando de voltar ao serviço”.

Sargento Vilmar dos Navegantes Bastos diz que é um "retorno necessário" diante do cenário de violência no estado. — Foto: João Pedro Ribeiro/TVM

Sargento Vilmar dos Navegantes Bastos diz que é um “retorno necessário” diante do cenário de violência no estado. — Foto: João Pedro Ribeiro/TVM

Apresentação obrigatória

O governo convocou 1.201 policiais e bombeiros militares que estavam na reserva para voltar às ruas. O prazo estipulado para apresentação era até quarta-feira (16), mas foi prorrogado até esta sexta. De acordo com o Relações Públicas da PM, coronel Jano Marinho, a prorrogação ocorreu devido à dificuldade em entrar em contato com todos agentes, principalmente com quem mora no interior do Ceará.

A Polícia Militar informou que a apresentação é obrigatória para os policiais que estão na reserva há no máximo cinco anos e que moram no Ceará. Aqueles que não residem no estado não estão obrigados a se apresentar.

Menos da metade dos policiais da reserva se apresentou no Ceará

Menos da metade dos policiais da reserva se apresentou no Ceará

Quem não se apresentar pode responder administrativamente por transgressão disciplinar. E quem não puder mais trabalhar precisa apresentar um atestado médico e passar por uma avaliação na PM.

A convocação foi possível após a aprovação de uma lei na Assembleia Legislativa, em sessão extraordinária neste sábado (12), durante o recesso parlamentar. Os policiais da reserva que voltarem a trabalhar irão receber uma gratificação extra, que pode chegar a R$ 900, de acordo com a patente.




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